A medida faz parte do compromisso assumido pela Petrobras com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para reduzir sua participação no mercado de gás.
Fuente: O Globo
  
A Petrobras pretende atuar como comercializadora do gás natural importado pela empresa da Bolívia, disse, nesta quinta-feira (16), o diretor da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), José Cesário Cecchi. Segundo ele, a petroleira brasileira repassará para terceiros uma parte do volume contratado junto à estatal boliviana YPFB e cobrará por uma margem de comercialização no negócio.
 
A medida faz parte do compromisso assumido pela Petrobras com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para reduzir sua participação no mercado de gás.
 
Durante reunião de diretoria da ANP, Cecchi citou que os valores dessa margem estão em negociação e que foram recentemente reduzidos para 2,4% sobre o preço da molécula importada da Bolívia.
 
“Ela [Petrobras] começou a negociar [a margem de comercialização] em 9,4%, o que consideramos um absurdo. Hoje pela manhã, teve uma reunião e foi oferecido [uma margem de] 2,4%”, afirmou o diretor da ANP.
 
Cecchi destacou que a atuação da Petrobras como comercializadora está em linha com o conceito de “gas release” (liberação de gás) — que consiste numa iniciativa de desverticalização na qual o agente dominante cede, compulsoriamente, volumes de gás (e capacidades de transporte nos gasodutos, por meio do “capacity release”) para concorrentes.
 
“Ela [Petrobras] vai repassar os contratos de venda da molécula que tem com a YPFB e de compra da capacidade de transporte que tem com a TBG [Transportadora Gasoduto Bolívia-Brasil], com uma margem de comercialização. Ela vai se tornar uma comercializadora para terceiros. É a essência do ‘gas release’”, disse Cecchi.
 
Durante a chamada pública para contratação da capacidade do gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol), a Petrobras contratou, sozinha, toda a capacidade do duto oferecida para 2020, de 18 milhões de metros cúbicos diários (m3/dia). Para 2021, no entanto, a petroleira reduziu o patamar para 8 milhões de m3/dia. Ou seja, a partir de 2021 a estatal liberará cerca de 10 milhões de m3/dia da capacidade do Gasbol para outras empresas.