Uma equipe da Moody’s está no Brasil para fazer sua leitura e julgamento sobre o quadro da economia. Eles podem ou não anunciar alguma mudança na atual classificação do país, que também está abaixo do grau de investimento com perspectiva negativa. Não dá para antecipar se eles terão a mesma rigidez da concorrente S&P.
Fuente: G1
  
Thais Herédia
 
O Brasil está longe de receber de volta o grau de investimento. O título do artigo publicado aqui no blog no início da semana foi corroborado agora pela decisão da agencia de classificação de risco Standard and Poor’s anunciada nesta sexta-feira (10). A S&P manteve a nota e também a perspectiva negativa para a economia brasileira. Isto sinaliza que a coisa ainda está feia pro nosso lado já que a nota ainda pode piorar antes de começar a melhorar.
 
A chefe das análises sobre a América Latina, Lisa Schineller, já tinha cantado esta pedra ao comentar recentemente que o Brasil tem muitas tarefas a cumprir antes de reconquistar o grau de investimento. Para começar a mudar de ideia sobre a trajetória do endividamento público a S&P quer ver preto no branco, ou seja, quer a reforma da previdência aprovada sem mutilações.
 
Alguma coisa boa nós fizemos que agradou os analistas porque eles elevaram a nota da Petrobras. A análise da estatal é independente da leitura feita nas contas do governo federal, mas se a S&P enxerga melhora na situação da companhia, também considera que diminuiu risco de o Tesouro Nacional ter que desembolsar algum dinheiro para cobrir rombos da petrolífera.
 
Uma equipe da Moody’s está no Brasil para fazer sua leitura e julgamento sobre o quadro da economia. Eles podem ou não anunciar alguma mudança na atual classificação do país, que também está abaixo do grau de investimento com perspectiva negativa. Não dá para antecipar se eles terão a mesma rigidez da concorrente S&P.
 
Além disso, a semana termina com um quadro surpreendente para a inflação. Como também antecipei aqui no blog, o resultado do IPCA de janeiro, o menor da história, levaria os analistas a revisarem suas previsões para o índice fechado de 2017 – para alguma coisa abaixo da meta de 4,5%. Dito e feito. Nesta sexta-feira (10) Itaú e Bradesco anunciaram nova expectativa para o IPCA de 2017: 4,4% e 4,2%, respectivamente.
 
Ambos acontecimentos revelam o descasamento dos indicadores econômicos neste momento em que a recessão vai ficando para trás. Mostram também que uma parte importante da batalha está sendo vencida, a alta da inflação, contudo a um custo altíssimo. O descontrole fiscal do governo federal pode ter sido estancado, mas o reequilíbrio ainda demora bastante.
 
O risco latente da grave crise dos estados – inclusive institucional, vide o horror que vive o Espírito Santo – mantém o governo federal sob uma constante ameaça. Mesmo com caixa furado e devendo as tampas, o Tesouro Nacional será sempre o último salvador da pátria, direta ou indiretamente. Daí a rigidez das agências de classificação de risco conosco. A farra foi grande e o castigo também será.