Fuente: O Globo
RIO - A produção de petróleo dos países não integrantes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) baixará em 2016 mais do que o previsto anteriormente, afirmou nessa sexta-feira a Agência Internacional de Energia (AIE), alertando que ainda assim o excesso de oferta continuará. Também nesta sexta, o banco Goldman Sachs reduziu as projeções para o preço da commodity este ano e no próximo.
Em seu relatório mensal, a AIE estima que a produção dos não-membros do grupo diminuirá nesse ano em 750 mil barris por dia (bpd), em particular nos Estados Unidos, e não em 600 mil bpd, como era estimado.
A cotação para o petróleo Brent (referência no mercado internacional) subua US$ 0,33 a US$ 40,30 por barril nesta sexta-feira na Bolsa de Londres. Já o WTI (mais comercializado no mercado dos EUA) avançava US$ 0,66 a US$ 38,50 na Bolsa Mercantil de Nova York.
As exportações iranianas subiram em 300 mil bpd desde o início do ano, um aumento "mais modesto que o de 400 mil bpd anunciado por Teerã", indica a agência. Segundo a entidade representante dos interesses dos países consumidores, o retorno do Irã ao mercado, graças ao acordo sobre seu programa nuclear e à suspensão das sanções, foi menos expressiva do que o anunciado pelos iranianos".
"Em fevereiro, estimamos que a produção aumentou em 220 mil bpd e, até momento, parece que o retorno do Irã será progressivo", acrescenta.
Fevereiro foi o primeiro mês completo em que o Irã não se viu submetido às sanções internacionais, suspensas na metade do mês de janeiro, após o histórico acordo nuclear concluído em julho do ano passado entra a república islâmica e as grandes potências.
Na época, Teerã anunciou que pretendia aumentar sua produção imediatamente em 500 mil bpd. No começo do mês, o ministro iraniano do Petróleo, Bijan Namadar Zanganeh, afirmou que as exportações do seu país haviam subido em 400 mil bpd durante o mês iraniano de Bahman (21 de janeiro - 19 de fevereiro), para alcançar 1,75 milhão bpd.
STATUS QUO NO MERCADO PETROLEIRO
Este retorno progressivo do Irã, que é membro da Opep, não mudará a situação do mercado petroleiro, pelo menos no primeiro semestre. O excedente de oferta alcançará 1,9 milhão de barris diários no primeiro trimestre e 1,5 milhão bpd no segundo, segundo a AIE. Será preciso aguardar a segunda metade do ano para que a diferença entre a oferta e a demanda caia significativamente.
Este reequilíbrio se deverá, segundo a agência, à esperada queda da produção nos países de fora da Opep. A queda será acentuada nos Estados Unidos, de aproximadamente 530 mil bpd. Em fevereiro, a produção mundial caiu em 180 mil barris diários para chegar a 96,5 milhões de unidades diárias, com uma redução da oferta dos países de dentro e de fora da Opep.
O aumento dos preços observado nas últimas semanas, e impulsionado pelas expectativas de um acordo internacional sobre a produção, "não deve ser considerada como sinal definitivo de que necessariamente o pior já passou", alertou a AIE.
No entanto, o organismo afirma que "elementos refletem que os preços já podem ter atingido seu ponto baixo".
GOLDMAN REDUZ PROJEÇÕES
O banco Goldman Sachs reduziu nesta sexta-feira suas previsões de preço para o petróleo este ano e no próximo, alegando que os valores baixos continuarão para garantir que a oferta caia com o tempo. A entidade espera que o valor médio do barril do petróleo Brent chegue a US$ 39 em 2016 e US$ 60 em 2017, ante previsões anteriores de US$ 45 e US$ 62. Já o tipo WTI ficará em US$ 38 por barril em 2016 e US$ 58 em 2017. Antes, o banco projetava US$ 45 e US$ 60.
“Alertamos que uma recuperação prematura dos preços de petróleo pode frear a correção da oferta pretroleira e chegar a ser contraproducente”, informou a instituição financeira em nota.