De acordo com a gerente de Petróleo, Gás e Naval da Firjan, Karine Fragoso, esse freio na demanda por energia primária está diretamente relacionado à crise econômica do país.
Fuente: O Globo
  
O consumo de energia primária [aquela disponível na natureza e que só pode ser consumida depois de transformada], tem sido freado no Brasil diante da crise econômica. Em 2018, observou-se um crescimento de 2 milhões de toneladas de óleo equivalente, o que representa uma alta de 1,3% em relação ao ano anterior, quase metade da média registrada nos dez anos anteriores, que foi de uma taxa anual de 2,5%.
 
Além disso, a participação dos hidrocarbonetos (petróleo, gás e carvão) atingiu o nível mais baixo em seis anos. Os dados constam no Anuário da Indústria de Petróleo do Rio de Janeiro, divulgado nesta quarta-feira (7) pela Federação das Indústria do Rio de Janeiro (Firjan) e foram baseados no estudo BP’s Statistical Review Of World Energy 2019.
 
De acordo com a gerente de Petróleo, Gás e Naval da Firjan, Karine Fragoso, esse freio na demanda por energia primária está diretamente relacionado à crise econômica do país.
 
“A retração econômica diminui a demanda por energia. Na medida em que volta a crescer a economia, volta também a aumentar a demanda energética”, apontou a pesquisadora.
A baixa demanda, enfatiza o relatório, pode limitar a expansão da energia renovável no Brasil, que teve um salto significativo em 2018, quando a capacidade solar mais que dobrou no país e a capacidade instalada eólica aumentou em 17%.
 
 
“Em paralelo a isso [crise econômica freando a demanda por energia primária], a gente está construindo uma matriz energética renovável para dar conta da demanda quando a economia voltar a crescer”, ponderou Karine.
De acordo com o anuário, “o potencial para as renováveis continuarem a crescer rapidamente pode ser limitado pela falta de crescimento da demanda de energia: a geração de eletricidade permaneceu estável desde 2014".
 
No cenário global, as fontes de energia renovável como solar, eólica e geotérmica, correspondem a apenas 1,6% da matriz energética mundial. Somada a participação da energia hidráulica e da biomassa, essa participação chega a 14%. Já petróleo e carvão vegetal representam 62%.
 
Já no cenário brasileiro, as fontes renováveis representam 42,9% da matriz energética, já que o país conta com derivados da cana de açúcar e outras fontes chamadas “verdes”.
 
A Firjan apontou, no entanto, que se as “politicas, tecnologias e preferências sociais evoluírem de forma consistente com as tendências recentes”, o consumo de energia no Brasil deve aumentar 2,2% ao ano, acima da média global. Com isso, estima-se que em 2040 o país representará 3% da energia primária mundial.
 
Salto na produção de petróleo
 
Em seis anos, o Brasil tende a se tornar o segundo maior produtor de petróleo fora da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), destacou o relatório da Firjan. Essa projeção tem como base o avanço dos novos projetos já contratados na Bacia de Santos e a um freio nas taxas de declínio da produção observadas atualmente na Bacia de Campos.
 
Já ao considerar os novos projetos que devem ser contratados a partir das próximas rodadas de leilão, sobretudo da Cessão Onerosa, a expectativa é que o país venha a responder, em 2040, por quase um quarto do aumento na produção global de petróleo.
 
"O mundo vem demandando mais petróleo. A demanda é colocada pelo mundo e o petróleo ainda é uma demanda global. O Brasil é privilegiado por ter uma matriz energética tão diversificada", destacou a gerente da Firjan, Karine Fragoso.