Fuente: TN Petróleo
O estado do Rio avançou 9% na produção bruta, 16% na demanda por gás natural veicular (GNV) e 6% na demanda industrial por gás natural, em 2017. Ainda assim, o resultado poderia ser muito além do conquistado, de acordo com a Firjan e especialistas. O detalhamento dessa visão consta na segunda edição da publicação “Perspectivas do Gás Natural no Rio de Janeiro”, lançado na federação.
“Nosso objetivo é ajudar a coordenar esse crescimento. Por isso, estamos intensificando nossa atuação nesse mercado, que tem grande potencial para o estado”, afirmou Raul Sanson, vice-presidente da Firjan.
De acordo com Karine Fragoso, gerente de Petróleo, Gás e Naval da federação, o estado do Rio já é protagonista, pois possui produção crescente e infraestrutura. “Porém, é preciso estabelecer um arcabouço regulatório sustentável, de modo que os projetos não percam atratividade”, ponderou Karine, que também é superintendente geral da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (ONIP).
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Necessidades do mercado de gás
Segundo os especialistas, o Gás Para Crescer, lançado em junho de 2016 pelo Ministério de Minas e Energia (MME), apresenta diversos pontos positivos para uma boa regulamentação da área. A participação atual do gás natural na matriz energética brasileira ainda é baixa: apenas 12,3%, segundo o Balanço Energético Nacional 2018. Porém, é possível mudar esse número, principalmente ao se analisar a tendência global de buscar fontes alternativas e menos poluidoras. De acordo com Henrique Sonja, gerente de Matérias-Primas da Braskem, uma dessas oportunidades é o pré-sal, que tem capacidade de se tornar o shale gas brasileiro (em referência ao mercado norte-americano). “O Rio já se distingue na atração de investimentos, pois possui o único polo de produção química base-gás do Brasil. Um movimento nessa direção fortalecerá tanto a indústria quanto o desenvolvimento do pré-sal”, disse.
Jan Karl Karlsen, vice-presidente de Mercados de Energia da Equinor, afirmou ser preciso investir na implementação de medidas, como um sistema de entrada e saída, que permitirá a utilização mais eficiente dos gasodutos de transporte, com foco nos fluxos contratuais. “Ou seja, permitirá que compradores e vendedores negociem volumes de gás independentemente de sua localização física, o que traz mais flexibilidade, liquidez e competividade ao mercado”, explicou.
Outros pontos identificados foram um regime e autorização para gasodutos de transporte, com o objetivo de agilizar e simplificar a expansão da rede; e uma maior integração entre os setores elétrico e de gás natural. Uma política integrada, de acordo com os especialistas, proporcionará uma alocação equilibrada de riscos, impulsionando a monetização do gás.
“Propomos que existam regras para remuneração de infraestrutura de gás natural condizentes com a estrutura de custos da térmica, bem como o preço spot do gás deve ser sinalizado para o setor elétrico, por meio de indexação dos custos variáveis das usinas”, informou Álvaro Ferreira Tupiassú, gerente geral de Comercialização de Gás Natural e GNL da Petrobras.
Para conhecer o estudo acesse o link https://www.firjan.com.br/publicacoes/publicacoes-de-economia/perspectivas-do-gas-natural-no-rio-de-janeiro-1.htm
Arcabouço regulatório
Symone Araujo, diretora do Departamento de Gás Natural do MME, detalhou aos presentes as medidas do governo para dinamização desse mercado. “Estamos avaliando medidas infralegais e as mudanças regulatórias em curso, assim como estudando formas de integrar o gás natural ao setor elétrico. Aprovamos ainda, em abril, no Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), norma que permitirá o acesso de novos agentes à malha de transporte de gás”, contou.
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) também atua para dinamizar e dar mais competitividade ao setor. Segundo Helio da Cunha Bisaggio, superintendente de Infraestrutura e Movimentação da ANP, uma das reformas pensadas pelo órgão é separar as atividades de comercialização e distribuição de gás natural. “A primeira deve ser competitiva e a segunda um monopólio natural dos estados”, disse.
Ele também destacou ser necessária uma oferta de contratos de transporte padronizados, independentes, com regras claras e previsibilidade: “O primeiro passo é que transportadores devem prover chamadas públicas para a alocação de capacidade todos os anos. A oferta de contratos de transporte deve durar um ano e ter antecedência de no máximo cinco, para a infraestrutura existente de gasodutos. Esse processo pode sinalizar a demanda por expansão”.
Sobre a publicação
A publicação apresenta as visões de grandes agentes sobre os desafios e oportunidades desse mercado, bem como dados estatísticos e os principais projetos na área. O objetivo do estudo é ajudar a estimular a produção e o aumento da competitividade de gás natural no estado.
Por isso, é dividido em quatro temas. São eles: oferta nacional de gás natural: oportunidades à vista, que conta com a visão da Shell e da Equinor; desenvolvimento do mercado consumidor de gás natural no Rio de Janeiro, com artigos da Gás Natural Açu (GNA), do Comitê Nacional do GNV e da Braskem; dados estatísticos de gás natural no Rio de Janeiro, com levantamentos de 2018; e avaliação da competitividade do gás natural no Rio de Janeiro, elaborado pela Firjan.
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Fecha: 12.12.2018
Fuente: TN Petróleo
CNI: EUA devem ser prioridade para um acordo de livre comércio, dizem exportadores
Os Estados Unidos são o mercado prioritário para a negociação de um acordo de livre comércio, na avaliação das empresas exportadoras. Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que o país aparece em primeiro lugar como o mercado mais atrativo para o estabelecimento de acordos comerciais, sendo citado por 22,4% dos exportadores. Em seguida, destacam-se México (8,4%), China (6%) e Colômbia (3%). Em termos de bloco, 15,9% dos empresários dizem que a União Europeia é o mercado prioritário para se fechar acordos, seguida da América do Norte (5%) e da América do Sul (4,3%).
Os Estados Unidos também são o principal país com o qual as empresas exportadoras brasileiras pretendem estreitar relações. Ao todo, 21,6% dos exportadores apontam os Estados Unidos como um mercado no qual elas já atuam e gostariam de ampliar sua inserção. Depois dos Estados Unidos, o maior interesse das empresas brasileiras é em ampliar relações com mercados da América do Sul. Ao todo, 10,9% querem expandir suas exportações para a Argentina; 6,8% para a Colômbia; 6,8% para o Chile; 6,3% para o Paraguai; e 5,2% para o Peru.
Os dados constam na pesquisa Desafios à Competitividade das Exportações Brasileiras de 2018, elaborada pela CNI em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV). O estudo ouviu 589 empresas entre outubro de 2017 e março de 2018 e, com os resultados, busca direcionar a atuação do sistema indústria na redução dos entraves ao comércio exterior.
Negociação
Na avaliação da CNI, o início do novo governo é uma oportunidade para aprofundar as relações econômicas e comerciais com os Estados Unidos. O diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Eduardo Abijaodi, defende duas frentes de negociação com os americanos. “Há uma série de acordos pendentes que podem ser concluídos no curto prazo, em áreas como espacial, defesa, propriedade intelectual, facilitação de comércio e viagens a negócios. Mas precisamos, também, buscar uma agenda ambiciosa por meio do lançamento de negociações para um acordo de livre comércio entre os dois países”, afirma Abijaodi.
Hoje, os Estados Unidos e os países da América do Sul já são os principais destinos das exportações brasileiras. Cerca de 15% dos exportadores consideram Estados Unidos e Argentina seu maior mercado consumidor. Paraguai, Chile, Bolívia, Uruguai e Peru também são importantes mercados consumidores das exportações nacionais. Fora da América do Sul, os principais destinos das exportações brasileiras são Alemanha, China e México. Para a indústria, devem ser priorizados acordos de livre comércio, de dupla tributação e de investimentos com os Estados Unidos.
Novos mercados
Os Estados Unidos também são o principal país para o qual as empresas brasileiras pesquisadas não exportam ainda e gostariam de exportar, com 12% das respostas. A Argentina ficou em segundo lugar nessa categoria, com 8,3%. Os dois países são apontados como os principais parceiros comerciais do Brasil no que diz respeito às exportações, e essa situação tende a perdurar no curto prazo. Há também o interesse dos exportadores em atuar em outros países latino-americanos, como Colômbia, México, Chile e Peru.
Exportadores das regiões Centro-Oeste e Norte demonstram interesse de ampliar relações comerciais com a China. Mais de 20% das empresas localizadas nessas regiões querem ampliar o volume de vendas atual ou estabelecer novas relações comerciais no país asiático.
Centro-Oeste e Norte
A pesquisa destaca os recortes das regiões Centro-Oeste e Norte, uma vez que empresários dessas regiões demonstraram maior interesse em ampliar relações comerciais com a China na comparação com a média nacional. Mais de 20% das empresas localizadas nessas regiões querem ampliar o volume de vendas atual (contra uma média nacional de 5,1%) ou estabelecer novas relações comerciais nesse país ( contra uma média nacional de 4,5%).
Diversificação
Mais da metade das empresas exportadoras brasileiras (52,8%) vende bens e serviços para até cinco mercados de destino. Os números mostram que, em média, 24,2% dessas empresas atuam em seis a 10 mercados. Outras 18,5% exportam para entre 11 e 30 países. Apenas 4,6% vendem para mais de 30 países. No caso das empresas de grande porte, o estudo mostra que elas tendem a trabalhar com clientes em um maior número de países. O percentual de empresas de grande porte que atua em 11 países ou mais é de 44,9%, contra a média de 23,1% de todos os portes.
Abijaodi afirma que as empresas exportadoras se mantêm em mercados tradicionais, que incluem América do Norte, do Sul e Europa Ocidental. O desafio, diz ele, é diversificar os mercados e avançar sobre mercados não tradicionais. Entre eles estão África, Oriente Médio, Leste Europeu e Leste da Ásia.
“Os exportadores ainda apresentam aversão a risco. Eles precisam consolidar os mercados em que atuam e partir para mercados não tradicionais. É preciso, por exemplo, explorar novas oportunidades em destinos como a Ásia, que cresce cada vez mais e já é o pólo mais dinâmico do comércio internacional”, afirma o diretor.