Fuente: O Globo
RIO - O presidente da Petrobras, Pedro Parente, anunciou na manhã desta quarta-feira que a companhia pretende investir US$ 19 bilhões neste ano. O montante representa aumento de US$ 5 bilhões em relação ao executado no ano passado, um salto de 35,7%. Em café da manhã com jornalistas, ele destacou qe a companhia não precisará captar recursos para executar seus projetos. A Petrobras só irá ao mercado fazer captações, segundo ele, se surgirem oportunidades atrativas, como foi a primeira captação do ano, de US$ 4 bilhões realizada no último dia 9.
— Estamos olhando o mercado para aproveitar as melhores condições do mercado, mas sempre para rolar a dívida futura. Nós não precisamos de dinheiro novo — destacou Parente.
— Há um consenso no mercado que vai ocorrer uma volatilidade muito grande a partir da nova administração nos Estados Unidos (Donald Trump), e possíveis desdobramentos de questões geopolíticas, que afastam de modo geral o apetite do investidor. Não fomos só nós que aproveitamos um dia de muita felicidade (para fazer captações), todos aproveitamos essa oportunidade — destacou o diretor financeiro, Ivan Monteiro.
Pedro Parente revelou ainda que a companhia conseguiu atingir sua meta de produção no ano passado, com um total de 2,144 milhões de barris por dia. A meta era de 2,145 milhões de barris por dia.
Parente destacou o recorde de produção em um dia de 2,4 milhões de barris, atingido no dia 28 de dezembro. No dia seguinte, foi batido recorde de produção no pré-sal, que só em petróleo atingiu um milhão de barris por dia.
A diretora de Exploração e Produção, Solange Guedes, destacou as marcas e, também, o nível de aproveitamento do gás natural, que atingiu 96%.
— É o segundo ano seguido que a empresa cumpre a meta de produção depois de uma série de anos em que meta de produção era uma referência que se chegasse, ótimo, e também que se não se chegasse não tinha o menor problema. Nesta gestão, meta é uma coisa séria.
US$ 22 BILHÕES EM CAIXA
Segundo Ivan Monteiro, a Petrobras tem atualmente em caixa US$ 22 bilhões, suficientes para cobrir todos os seus compromissos e superior a todos vencimentos da dívida para 2017 e 2018.
— A posição de caixa hoje gera total tranquilidade para os próximos dois anos e meio aproximadamente. Ou seja, se não captar nada nesse período, tem caixa suficiente para fazer frente a seus negócios — garantiu Ivan Monteiro.
Pedro Parente, por sua vez voltou a atribuir as boas condições no mercado para a captação de US$ 4 bilhões feitas na última segunda-feira à grande incerteza no mercado em relação ao que vai acontecer com a posse de Donald Trump.
— Uma das percspectivas muito mencionada é a possibilidade de um aumento de juros numa velocidade maior do que aconteceria se fosse a outra candidata a ganhar. E há uma percepção bem mais positiva à empresa do que havia anteriormente. Nossa área financeira entendeu que valeria a pena testar o mercado e o que aconteceu foi o que vimos. A oferta extremamente favorável, mais de dez vezes acima da demanda. E aproveitamos isso. Encaramos os próximos meses e anos com tranquilidade de poder escolher os mometos adequados para novas operações, mas sempre de rolagem da dívida, nunca de acréscimo do endividamento — garantiu Parente.
Monteiro disse que espera que as agências de classificação de risco elevem suas notas de crédito neste ano em relação à estatal, diante da percepção gradual da melhoria da situação da companhia, com o alcance das metas de produção e a melhoria do seu caixa.
— A melhora da percepção macro-econõmica do Brasil me parece evidente, a melhora na a percepção na Petrobras também me parece evidente, e isso favorece que se transfira para o rating (classificação de risco) — destacou o diretor financeiro.
Parente afirmou que não pretende lançar mais nenhum novo Programa de Incentivo ao Desligamento Voluntário (PIDV) semelhante aos dois já lançados nos últimos dois anos. O que acontecerá agora serão planos específicos para os ativos que fizerem parte do programa de desinvestimentos da companhia.
— Não temos nenhuma intenção de fazer um novo PIDV geral na companhia. Existe uma decisão da empresa em relação a ativos de parcerias ou desinvestimentos. Olhando caso a caso, para aquele ativo, a gente pode pensar na existência de um PIDV específico. Mas um PIDV, como os dois últimos que foram feitos na empresa e que resultaram no total de 19 mil adesões nesses dois anos, não temos nenhum plano para fazer — garantiu Parente.
SEM AUMENTO DA GASOLINA
Parente afirmou que não houve aumento da gasolina, no último dia 6, quando o diesel foi reajustado, porque isso não era necessário, já que os preços do produto estavam alinhados aos preços internacionais.
— Existem maneiras diferentes de calcular (a variação dos preços da gasolina e do deisel), e óbviamente a que a gente segue é a nossa. E de acordo com a nossa, que é aquela que traz o resultado direto no nosso caixa, nós estamos mantendo a política de ter uma margem positiva tanto no preço do diesel quanto no preço da gasolina. Naquele momento em que o grupo se reuniu, não havia nenhuma necessidade de fazer reajuste da gasolina.
Segundo o executivo a Petrobras não divulga sua fórmula de calcular os preços dos combustíveis, e sim a sua política de preços, que está sendo seguida à risca, de acordo com Parente. Ele destacou, mais uma vez, que a companhia não tem obrigação legal de avaliar critérios macroeconômicos para fixar seus preços. O petróleo é uma commodity e por isso tem seu preço estabelecido fora da Petrobras
— A Petrobras só faz refletir essas variações em seus preços como acontece com uma padaria quando o trigo aumenta, que ela tem que refletir no preço do pão, como acontece na soja, no café, no minério de ferro. A Petrobras está reagindo aos movimentos dos preços da commodity no mercado internacional, refletimos isso nos preços da companhia.